Quando
falamos em Primeira Guerra Mundial, na arte podemos considerar grande importância
e frisar que o conflito empreendeu uma quebra de paradigmas e valores. Essa
ideia de ruptura tem como base a antiga imagem que se tinha do Velho Mundo,
lugar de progresso, ciência, modernidade, racionalismo e ordem. Sem dúvida,
intelectuais de outras regiões do mundo tinham esta impressão e assim colocavam
a Europa como um exemplo a ser seguido. Após tanta destruição e morte causada
pela guerra, muitos artistas mudaram seu jeito e crença sobre determinados
aspectos da arte do ponto de vista dos mesmos, perdendo sua fé na arte abstrata,
muitos acreditaram que parecia fútil e superficial em um momento em que milhões
de pessoas morriam, cidades inteiras sofriam com a escassez de alimentos, a
corrupção política florescia e os soldados mutilados na guerra retornavam. Os artistas
pertencentes a um movimento conhecido como Neue Sachlichkeit (Nova
objetividade) acreditavam que, para abordar esses problemas, a arte não deveria
se dissociar da experiência da vida quotidiana, perseguir ideais filosóficos
abstratos ou investigar a psicologia individual de seu criador. Esses artistas,
entre eles George Grosz e Otto Dix, defendiam uma volta a modos de
representação mais tradicionais, além de um comprometimento direto com as
questões sociais e políticas urgentes da época. O Vendedor de fósforos (1920,
Staatsgalerie, Stuttgart), de Dix, por exemplo, rejeita o cubismo, o
expressionismo e a abstração em favor de um tipo de representação de
compreensão mais imediata.
Na
pintura a abaixo Dix expõe, quase foto graficamente, o descaso dos passantes
diante do sofrimento de um ex-soldado cego e paralítico. A produção dessa fase
do artista constitui uma espécie de crônica ácida e indignada do ambiente
alemão do período, o que vale a sua prisão em 1939 e a condenação de sua obra
como arte degenerada.
A
obra de Dix flagra a hipocrisia e frivolidade da sociedade berlinense do
pós-guerra.
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